FOLCLORE
Sicinho, O neto do saci
Autor: Evandro Tiso
Em uma cidade no interior de Goiás, um senhor já bem de idade, por nome de Jeremias Jacobino, gostava de reunir as pessoas para contar histórias do folclore brasileiro, um velho armazém abandonado é o local do encontro, a iluminação é um velho lampião a querosene, sempre se reuniam a noite após as 20 h, pois era mais emocionante, qualquer pessoa que queria saber sobre o nosso folclore era só ouvir as histórias do senhor Jeremias.
Certa noite, todos estavam reunidos em volta do lampião para ouvir a história do dia, pois cada dia que passa ele conta nova historia, às vezes do mesmo personagem, mas sempre em outra versão, Nessa noite ele começou a contar a história do Saci Pererê.
Uma vez um menino muito levado a breca, morava na fazenda de um senhor que criava animais de montaria, quando dava a noite esse menino levantava pé ante pé e ia até o estábulo fazer tranças na crina dos animais, puxava o rabo dos pobres gatos para fazê-lo miar, corria atrás do gado na hora da lida atrapalhando o pobre fazendeiro, porém um dia...
Ele é interrompido por batidas na porta, era um garoto de aproximadamente sete anos de idade, bem negrinho, gorro e calção vermelho, na mão um cachimbo de madeira. O bom velho diz:
_ Entre bom menino, veio ouvir minha historia? Pode sentar aí perto de Gabriel, que vou continuar a contar a história do Saci Pererê.
Continua...
... Um dia ele trançou as crinas de uma égua na fazenda do senhor Aníbal. Outro dia ele puxou o rabo do gato que estava no colo da cozinheira, e o gato arranhou todo o rosto da coitada, outro dia ele apareceu no meio de um redemoinho jogando poeira por todo quanto é lado...
... Assovia dentro da mata assustando todos os moradores do interior, é mesmo uma peste.
De repente o garoto interrompe a historia e diz:
_O senhor está enganado, a verdadeira história não é essa.
Certa vez em uma fazenda onde um senhor de engenho, tinha uma senzala cheia de escravos, e uma das escravas foi chamada para se deitar com seu senhor, mas por má sorte ela se engravidou, logo teve a criança, mas seu senhor não quis saber da criança, ele não podia sair da senzala, porque a esposa do fazendeiro não podia saber da criança, ficou fechado por sete anos em uma sela escura onde só entrava água e pão para alimentar. Logo o fazendeiro resolveu solta-lo, mas tudo o que acontecia de errado na fazenda, a culpa era do negrinho, então o fazendeiro resolve cortar sua perna para ele não andar pela fazenda. Com tanto maltrato, apanhando todos os dias por coisas que não fez, ele resolve fugir. Mas o fazendeiro ainda culpava o pobre negrinho, dizia que ele estava por perto, escondido, fazendo travessura, essa história até hoje é contada do modo do fazendeiro, mas a real história, é que ele foi para um quilombo e lá ele cresceu criado pelos irmãos negro, casou-se com uma negra e teve vários filhos e um deles é o meu pai, que já bem velhinho ainda teve um filho com sua senhora, e esse filho sou eu. A história do meu avô que é real, pois ele sempre foi muito bem educado pelos negros do quilombo. Agora se vocês me dão licença vou me retirar.
Coloca o cachimbo na boca, ajeita o gorro na cabeça e o pequeno calção vermelho, e sai da sala. Ai que o senhor Jacobino percebe a semelhança entre o garoto e o personagem da história. Todos ficaram de boca aberta, o senhor jacobino diz:
_Vamos bater palma para o garoto?
Todos batem palmas e logo eles se despedem e vão para suas casas felizes com a história.
nunca mais ninguém viu esse menino pela redondesa, nem ouviu falar sobre o aparecimento dele...
Fim!